quarta-feira, dezembro 15, 2010

Almanacco Perpetuo di Rutilio Benincasa Cosentino

Parte I dell' Almanacco Perpetuo (Venezia, 1754).

Tratatto VII. d'Istorie, e Curiosità.
Discorso di molte cose curiose successe di tempo in tempo nel Mondo, cap. IV.
(...)
Seguono altre cose notabili. cap. V. (p. 304)

(...)
1498. In Milano si viddero tre Soli, e di notte molti Uomini a Cavallo scorrer per l'aria, e anco molte statue andare attorno, e combatter ìnsieme, e una donna partorì due creature maschio, e femmina attaccate insieme, ch'avean 4. gambe e 4. braccia ciascun' d'essi. In Germania nacque un fanciullo con due teste, quattro mani, e 6. orecchie, e una donna essendo stata dieci anni con il marito diventò uomo.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Torna Eco

MUITO APRAZ A ESTE cronista registrar que, na semana passada, veio à lume o sexto romance do "più noto" semiólogo italiano, Umberto Eco! Intitulado "Il Cimitero di Praga", o livro narra as peripécias de um falsário de documentos na segunda metade do século XIX, bem como o surgimento dos famigerados "Protocolos dos Sábios de Sião".

segunda-feira, maio 17, 2010

Mme. Nothomb et moi

O LEITOR IDEAL DESTE blógue (que não sou eu, já que nem mesmo reconheço o que escrevi aqui nos tempos da sopa primordial) recordar-se-á que escrevi sobre Amélie Nothomb aqui, aqui, aqui e aqui. Muito bem! Eis que, afinal, encontrei a autora em carne e osso, na sexta-feira, 14 de maio, por ocasião de uma sessão de autógrafos organizada pela Libreria Fanucci, em Roma (convenientemente localizada a uns 100 metros da repartição -- aliás, soube do evento ao ver um pôster com a foto da Amélie, passando em frente, de dentro do carro...).

Muito simpática, Amélie Nothomb ouviu de mim que sou, mui provavelmente, um de seus mais fiéis leitores na Terra de Santa Cruz, o que comprovei mostrando a ela a biografia escrita por Laureline Amanieux (muito boa, segundo a biografada), que comprei em Bruxelas, em 2007, e os três últimos livros, que levei para ela autografar (na verdade, levei quatro, mas fiquei com vergonha de abusar da paciência dos demais leitores que aguardavam a vez!).

terça-feira, março 23, 2010

Exactor molestissimus

XXII. M. POMPONIUS MARCELLUS, sermonis Latini exactor molestissimus, in advocatione quadam (nam interdum et causas agebat) soloecismum ab adversario factum usque adeo arguere perseveravit, quoad Cassius Severus, interpellatis iudicibus, dilationem petiit, ut litigator suus alium grammaticum adhiberet; quando non putat is cum adversario de iure sibi, sed de soloecismo controversiam futuram. Hic idem, cum ex oratione Tiberi verbum reprehendisset, affiramnte Ateio Capitone, et esse illud Latinum, et si non esset, futurum certe iam inde: "Mentitur," inquit, "Capito; tu enim, Caesar, civitatem dare potes hominibus, verbo non potes." (...)
_____________
Apud. Suetonius, De Viris Illustribus: Grammatici.

terça-feira, março 02, 2010

Carlos Magno clama vingaaaança!!!!


"Veire Paterne, hoi cest jor me defend,
ki guaresis Jonas tut veirement, de la baleine ki en su cors l'aveit, e esparignas le rei de Niniven e Daniel del merveillus turment enz en la fosse des leons o fut enz, les III enfanz tut en un fou ardant. La tue amurs me seit hoi en present. Par ta mercit, se the plaist, me cunsent que mun nevold poisse venger Rollant."

__________
(Chanson de Roland, sec. XI-XII)

segunda-feira, março 01, 2010

Donna audite como

Donna, audite como
mi tegno vostro omo
e non d'altro segnore.
La mia vita fina
voi l'avete in dot[t]rina 5
ed in vostro tenore.
Oi chiarita spera!
la vostra dolze ciera
de l'altr[e] è genzore.
Così similemente 10
è lo vostro colore:
color non vio sì gente
nè 'n tinta, nè 'n fiore;
ancor la fior sia aulente,
voi avete il dolzore. 15
Dolze tempo e gaudente
inver[i] la pascore!
ogn'om che ama altamente
si de' aver bon core
di cortese e valente 20
e le[a]l servitore
inver donna piagente,
cui ama a tut[t]ore.
Tut[t]ora de' guardare
di fare fallanza 25
chè non è da laudare
chi non à leanza,
e ben de' om guardare
la sua [o]noranza.
Certo be[n] mi pare 30
che si facc[i]a blasmare
chi si vuole orgogliare
là ove non à possanza.
E chi ben vuol fare,
sì si de' umiliare 35
inver sua donna amare
e fare conosc[i]anza.
Or venga a rid[d]are
chi ci sa [ben] andare,
e chi à intendanza 40
si degia allegrare
e gran gioia menare
per [sua] fin[a] amanza;
chi no lo sa fare,
non si facc[i]a blasmare 45
di trarersi a danza.
Fino amor m'à comandato
ch'io m'allegri tut[t]avia,
faccia sì ch'io serva a grato
a la dolze donna mia, 50
quella c'amo più 'n celato
che Tristano non facia
Isotta, como cantato,
ancor che li fosse zia.
Lo re Marco era 'nganato 55
perchè 'n lui si confidia:
ello n'era smisurato
e Tristan se ne godia
de lo bel viso rosato
ch' Isaotta blond' avia: 60
ancor che fosse pec[c]ato,
altro far non ne potia,
c'a la nave li fui dato
onde ciò li dovenia.
Nullo si facc[i]a mirato 65
s'io languisco tut[t]avia,
ch'io sono più 'namorato
che null'altro omo che sia.
Perla, fior de le contrate,
che tut[t]e l'altre passate 70
di belleze e di bontate,
donzelle, or v'adornate,
tut[t]e a madon[n]a andate
e mercede le chiamate,
che di me agia pietate; 75
di que', ch'ell'à, rimembranza
le degiate portare;
già mai 'n altra ['n]tendanza
non mi voglio penare,
se no 'n lei per amanza, 80
chè lo meglio mi pare.
Dio mi lasci veder la dia
ch'io serva a madonna mia
a piacimento,
ch[e] io servire le vor[r]ia 85
a la fiore di cortesia
e insegnamento.
Meglio mi tegno per pagato
di madonna,
go che s'io avesse lo contato 90
di Bologna
e la Marca e lo ducato
di Guascogna.
E le donne e le donzelle
rendano le lor castelle 95
senza tinere.
Tosto tosto vada fore
chi non ama di bon core
a piacere.

____________
atribuído a João I de Brienne (1148-1237), rei de Jerusalém e co-Imperador Latino de Constantinopla.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Caronica ramirana (sec. IX): um fragmento

XII

"... e houve, naquelle tempo, ua gran carestia & fomme por todo o Reyno, e como perecessem de ugual sorte muytos Ffidalgos & meeiros, muytas Dõzelas de cellebrada virtude et gentes d'arrayamenuda, et todo o povo do logar orava et pedia ao Sennõr por graça, louvado sea Nosso Seõr Jesus Cristo, houve por bem El-Rey tener en paço seos cõcelheiros e lles disse; a'questo oyde, grandos baroens do Paço [...] de muytas leguas saom vossos Feodos, granda vossa munificaencya et sempre pienna vossas algibaeiras. Conquanto seais domnos d'el Reyno, deo gratias, videmus nunc per speculum et in aenigmate & vos digo gran el pesar dellos fillios do Senõr, co'esta famme faze murir las gentes et vedra dies irae quando amactarom os barõens & praefeitos do Paço; gran a vossa cobijça et malefacciones [...] quod arrabia el povo. [...]. Et dixit el muy aogusto barom d'Almeira, [...] amactavaom, peor [domnus vobiscum...]. El-Rey tomado de gran furor mandoouo flagelar et per las espadoas tirar el coraçom et il popolus [...] gaudet."

Preclaro rol dos Grandes Labirintinos

BEM SABIA O ELEÁTICO banhista: não torna o que passou, e o que hoje é, não o era ontem e não o será no porvir!

Com efeito, não obstante a insopitável volúpia que certamente desatava o mensário laurel ofertado aos lumes de toda parte ("Omne tulit punctum, qui miscuit utile dulci", já notava o sempre moderado Horácio), propomo-nos, no afã de desbastar o hirsuto Labirinto para a vindoura messe, a recapitular, d'ores et déjà, os luzentes apaniguados da insigne honraria labirintina:
  • Harry Paget Flashman (dec. 2009)
  • Pierre Ménard (nov. 2009)
  • Roger de Flor (out. 2009)
  • Fernandel (set. 2009)
  • Marquesa d'Alorna (ago. 2009)
  • Brian Blessed (jul. 2009)
  • Anthony Blanche (jan. 2009)
  • Beau Brummell (dez. 2008)
  • Cabo Walter "Radar" O'Reilly (nov. 2008)
  • Roger, o shrubereiro (out. 2008)
  • Gregório de Matos Guerra (set. 2008)
  • Cagliostro (ago. 2008)
  • Terry-Thomas (jul. 2008)
  • Dr. Gori e Karas (jun. 2008)
  • Marinheiro Kowalski (mai. 2008)
  • Rainha Fredegunda (abr. 2008)
  • Weng Weng (mar. 2008)
  • Dan Moroboshi (fev. 2008)
  • Cansanção de Sinimbu (jan. 2008)
Com isso, deixa o proscênio essa majestática e numinosa plêiade de imortais, que ora repoisa a fim de desfrutar o merecido hidromel, enquanto aguarda, sempiterna, novo escol que a venha secundar!

Rerum novarum

E COMO JÁ DIZIA o velho deitado: "ano novo, vida nova". Sim, meus acusmáticos, aprestai-vos a desfrutar da pacacidade que vos insufla este sestroso onirológio! Cá está o Labirinto redivivo, pábulo, sagitífero e sacudido! Quem agora o vê, todo malemolente, casquilho e liró, mal se recorda do encanecido e flébil manufacto d'antanho, tão crebro fez-se encontrar no cairel do abismal olvido! Eia, pois, que, feito o pedilúvio, ora que é deitado com elegante voluta o alvo manutérgio, que é alçado o engenho às augustas esferas onde sobeja o sumo do cobiçado Hipocrene, torna o deleite aurífero deste aquilatado poiso das filhas de Mnemósine e Eurínome!

terça-feira, setembro 08, 2009

Amélie Nothomb em terreno cartografado

ABERTA A "RENTRÉE" literária francófona, havemos, comme il fault, novo romance da escritora belga Amélie Nothomb. Intitulado "Le voyage d'hiver", o livro traz muitos dos topos tradicionais da escritora, e mais alguns que vêm se desenvolvendo nos últimos trabalhos. Estão lá os distúrbios alimentares, a "potomania", a insanidade criativa, a escatologia e o solilóquio dos criminosos (nesse caso, o adjetivo permanece em potência).

De forma geral, o livro é mais curioso, mas menos original que o antecessor, "Le fait du prince". Eu, de maneira geral, ainda acho o trabalho auto(cripto)biográfico da autora muitíssimo mais interessante que os romances puros. Mas, de todo modo, o uso da linguagem, as imagens e o poder da escrita permanecem afiadíssimos, certamente a causa do permanente sucesso da escritora a cada novo ano.

Amélie Nothomb. Le voyage d'hiver. Albin-Michel, agosto de 2009. 130 p.

Post-scriptum: agora, o que eu adorei mesmo foi a foto de capa, do prestigiado Studio Harcourt, coisa finíssima!

segunda-feira, agosto 24, 2009

110 anos de Borges


A 24 DE AGOSTO de 1899, nascia em Buenos Aires o grande nome das letras argentinas.

Agradecida homenagem desse seu idólatra.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Mirabilia Teverensis

HÁ, ENTRE OS muitos epigramas, curiosidades e outros disjecta membra anotados por Ambrósio Canneta, naquele curiosíssimo opúsculo intitulado, com certa jactância, De Rerum Mirabilium ad locum Tevereae, numinosae visionaem, inauditaem creaturam, prodigius mostrum et quod tanta vulgo sapientiae dixi(t) paernosticam dictamen (Roma, 1567), o celebérrimo relato de que, sob o efêmero pontificado de Severino, em data que Norberto de Cuma aponta como julho de 640, pescadores encontraram, nas margens do Tibre, uma tartaruga em cujo casco podia-se apenas vislumbrar os vagos traçados duma grafia inaudita, antediluviana. O animal foi trazido, com pio assombro, aos clérigos da cidade ("cum sancta doctrina et illuminata visio", lemos no afetado estilo de Canneta), que, incapazes de decifrar as runas ali entalhadas, houveram por bem rezar uma missa antes de conduzir o mirífico espécime às mui industriosas cozinhas de São Pedro, onde o casco foi partido e deitado fora, para que a carne pudesse dar sabor à cardinalícia sopa de uma noite estiva qualquer.