terça-feira, junho 23, 2009

As the Romans do...

INTERROMPEMOS NOSSA PROGRAMAÇÃO normal para, apesar do que disse no post abaixo, fazer uma rápida observação de cunho sociológico!

Como vocês sabem, estou morando em Roma. Como vocês sabem, os italianos têm fama de serem meio malucos ao volante, certo? Pois bem, só queria compartilhar algo que vi hoje, e que leva essa fama ao paroxismo: estava eu esperando um ônibus, já atrasado para voltar do almoço, quando vem uma jovem senhora, dirigindo um Mini, que, sem maior cerimônia, estaciona o carro em fila dupla, meio torto, bloqueando umas motos e invadindo o espaço da parada dos ônibus. Daí, a cidadã, na maior naturalidade do mundo, sai do carro, vai à sorveteria siciliana que tem logo ali, e volta, depois de uns minutos, com um sorvete de casquinha. Sai na maior tranqüilidade, dirigindo com uma mão só e segurando o sorvete na outra.

Pergunto: quantas infrações estão listadas só nesse parágrafo?

Com toda certeza, porém, antes de chegar na próxima esquina, ela deve ter sacado o celular e adicionado mais umas! Italianos falam ao celular compulsivamente...

A propósito, isso me lembra que estou devendo o blógue específico sobre a vida em Roma, mas isso fica para mais tarde.

sexta-feira, junho 19, 2009

Borges, Calvino, Gaiman e et coetera

HÁ MUITO PLANEJO retomar, com exclusividade, as raízes literárias deste engodo, o Labirinto das Letras. Depois de muito olhar o pó se acumulando por aqui, vamos, pelo menos, recensear o que está acontecendo nesse campo.

Aqui entre as sete colinas, tenho achado muito em que dispender o soldo que me cabe, já que temos a maravilhosa livrariazinha especializada em cinema aqui do lado, mais a francesa, a espanhola e outras tantas a stone's throw away... Assim, os livros vão se acumulando, mais ou menos, mas sem muita motivação para ler o que há de novo.

Completei minha coleção do Houellebcq com o Plateforme, que faltava, e que achei muito bom. O meu preferido dele ainda é o último, o da ilha (que, quem diria, virou música da primeira dama gálica!). De cinema, juntei, mas ainda não li, um making of de 2001, do Kubrick, e um apanhado de artigos dos Cahiers sobre a Nouvelle Vague. A ver. Acabei, depois de muitos anos, o primeiro volume do Histoire de ma vie, do Chevalier de Saingalt (que saudades do bom amigo Gilberto, que me chamava assim...) e já embarquei no segundo. Aliás, estive na Sereníssima, a trabalho (aham), dia desses, o que sempre inspira essa leitura.

Mais recentemente, porém, voltei à fonte principal, Borges, e aproveitei para conhecer mais do Ítalo Calvino, já que são duas paixões que se alimentam. E, de um a outro, reacendeu a vontade de ler coisas do Gaiman, que também não esconde o gosto pela dupla (aliás, estive folheando a esmo o Sandman Companion, do Hy Bender, ontem, e dei de cara com a alusão ao Calvino no conto do Marco Polo -- ah, olha a mãozinha da Sereníssima aí de novo! E, também, vejam só, reli o Morte e Veneza, na edição dos Perpétuos... de fato, o mundo é uma aldeia, ou, pelo menos, os núcleos concêntricos das novelas da Globo...)

Com isso, criei coragem e encomendei da Amazon os quatro volumes do Absolute Sandman. Ai, minha nossa senhora do saldo bancário! Nonetheless, certas paixões clamavam por a rekindled flame.

Tem ainda o interessantíssimo livro que o Cid mandou, sobre a Taprobana, e uma vontade que está coçando, alhures, de achar coisas sobre os albores da literatura ibérica, a ver o que tem na livraria espanhola, do outro lado da piazza.

É isso por enquanto. Isso aqui vai ficando mais hermético, solipsista e inútil. Mas, who cares?