segunda-feira, abril 14, 2008

Historia Universalis

AINDA NOS ALBORES do III século, os comentadores de Platão, aí inclusos aqueles iconoclastas que a posteridade celebrizou como os setecentos escribas sediciosos da Cesaréia, eternamente maculados pela proposição herética do maniqueísmo cireneu, procederam à reescritura sistemática dos três primeiros livros doutrinários do colubrinismo. Tempos depois, Horácio (Ars Poetica, 139), Terêncio e outros jurisconsultos do Império registraram sua veemente oposição àquela vaidade do século, lavrando o epigramático dito “parturiunt montes; nascetur ridiculus mus”, que tanto figurou na prosa gálato-beócia.

Contudo, qual perniciosa seiva que, mesmo cortada a rama, torna a florescer alhures, quiçá com maior vigor, a doutrina em questão foi ressurgente ao longo dos cinco primeiros séculos da Era Vulgar, encontrando-se seus plurifacetados vestígios nalgumas linhas de Plauto, Miquéias, Jeroboão de Alexandria, Blondel de Nesle e mesmo em certos cânones patrísticos. Com efeito, Ramsey traduz, já em 1768, opúsculo de Veridiano, o Moço, onde se lê:

He, with the pen hesitantly poised
Over the fine-grain’d paper,
Once ascribed the ominous lines
To the progeny of old Aeneas,
In the long shores of Lycaonia.

Those who adored the vile idols,
Cast in debased bronze and stone
Hath left to his heirs, the doubtful
Inheritance of a forgotten lore…

Não obstante essa malfadada linhagem, H. Meyer (1847) refutou a tradição cesaréica, atribuindo à escola dos Pernósticos (circa 475 a.C.) papel de relevo na transposição de certos dogmas que ainda hoje se encontram entre os mendácios e os neo-cismáticos da Queronéia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma linha e o Paulo Coelho entrava na história!

Abraço,
Cid.

renato disse...

Ei, não são setenta escribas?

Abraços

Renato