sexta-feira, dezembro 28, 2007

Labirinto Awards 2007

NO APAGAR DAS luzes de 2007, é chegada a hora de mais uma recapitulação labirintina do melhor e do pior do ano:

1. Música:
Pelas graças da colega Cécile Merle, montei uma bela compilação da nouvelle chanson française que virou trilha sonora quase que diária. Isso posto, virei fã absoluto de artistas como Vincent Delerm, Alexis HK (gênio!), Lhasa de Sela e a turma do La Rue Kétanou. Eventuais leitores (?) poderão conferir a nata desse universo no meu widget da Last.fm aí do lado.

No mais, continuei minha fiel louvação (que já conta com mais de vinte anos) do coolest Englishman alive, Bryan Ferry. Como em anos anteriores, aliás, continuei a tradição de perder, por poucos dias, a chance de ver shows dele pelo mundo a fora (já os perdi em Edimburgo, Moscou, Budapeste, Belgrado, Skopje e Sófia). Em 2007, Ferry acrescentou ao abrilhantado currículo o belíssimo álbum "Dylanesque", acompanhado de DVD com cenas do trabalho em estúdio. Confiram, confiram!

2. Literatura:
Voltei a preencher os claros da minha coleção de Umberto Eco – principalmente com os ensaios, dentre os quais "Entre a Mentira e a Ironia", a "História da Beleza" e aquele sobre traduções, cujo título ora me escapa. Reli também alguns dos romances. Li o último do Houellebecq ("La possibilité d’une île"), que é bem interessante mas poderia render mais (embora deva continuar apreciando o sentimento partilhado de dissolução do mundo ocidental). Reli minhas obras favoritas do William Gibson (a segunda trilogia, dita "the Bridge", que me agrada muitíssimo mais que a do Neuromancer, e o excelente "Pattern Recognition) e deixei o mais recente, "Spooky Country", no pipeline de 2008. Li também as duas mais recentes obras da Amélie Nothomb (a noveleta "Journal d’Hirondelle" e o "novo capítulo" autobiográfico "Ni Eve, ni Adam"), cuja prosa continua uma beleza (ah, inveja!). Reli o "Gattopardo", do Lampedusa; trechos e trechos do seminal "Gog", do Papini e mais uma infinidade de outras cousas diversas.

O mais frustrante foi aquele primeiro do Beigbeder, originalmente intitulado "99 francs" (e posteriormente corrigido pela inflação e troca de moedas), que me pareceu um épater le bourgeois meio colegial. Não obstante, fiquei tentado a ler a nova novela com o personagem cínico, agora à cata de ninfetas russas, e, é claro, ver o futuro filme com o Jean Dujardin.

3. Comes e Bebes:
O top of the pops é, sem dúvida, o pão de mel da Susana.

Aumenta a cada ano o banzo do polpetone do Jardim di Napoli (R. Dr. Martinico Prado, 463 – Higienópolis. Não desencarne sem provar, é o melhor prato que existe em todo o planeta, believe me!).

4. Brinquedinhos:
Meu já ultrapassado iPod "classic" de 80GB virou para mim o que o chapéu era para gente como Marlowe e Sam Spade.

5. Vista:
Amanhecer na Piazza San Marco, em Veneza.

6. Cinema:
Continuando a tradição de só ver filmes bons, o melhor foi "Blood Diamond". Pontos extras para "Hot Fuzz". Agora, cá entre nós, ô anozinho medíocre! Até como reação, decidi montar uma videoteca só de clássicos, onde já entraram "To Catch a Thief", o incontornável "Casablanca" e duas pérolas medievais com o Charlton Heston, "El Cid" e "The War Lord" -- este, um dos mais fantásticos e subestimados filmes da história.

E, mesmo não sendo de 2007, palmas para o sensacional "OSS 117", com o Dujardin, que é uma maravilha! As pequenas ironias (como a cena no fundo do Nilo), a lembrança das glórias daqueles anos politicamente incorretos e detalhes como o backprojection nas cenas de direção são um primor. E tente não morrer de rir quando ele solta a canção "Bambino"!

7. Outros:
Revista Piauí. Já encostando na memória da General, palmas para ela!

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