segunda-feira, agosto 18, 2008

Da origem do ramo tebano do culto eleático

MASENFER CITA, EM Die Kenntnisse von Einfachen Tatsachen im Oberen Livland (Leipzig, 1764) que os primeiros testemunhos acerca da crença em uma ramificação dita "tebana" do rito eleático encontravam-se nos dois primeiros livros, hoje perdidos, de Eudóxio de Tessalônica. Essa tese, refutada com veemência por Wischard (Rechnungen von Frühen Reisenden in Akkad, Bonn, 1817) e, mais recentemente por J.M. Woolsville (Secret Knowledge of Ancient Sumerian Midwives, Oxford, 1904), parece, todavia, fundamentar-se nas evidências trazidas à lume pelas escavações de Sir Flinders Petrie e do Padre Atanasius Moran.

De todo modo, tal ramo, hoje mais ou menos consagrado na literatura especializada, caracterizava-se pela observância -- rígida, conquanto regionalizada -- da fetichização de objetos "mágicos", dentre os quais um fragmento da escápula destra de galinhas e maxilares de javalis. Tais fetiches, na douta opinião de Masenfer, denotam o elevado grau de sincretismo do culto tebano com as práticas dos seguidores de Hécate. Com efeito, a "selenolatria" do rito tebano é fartamente documentada, já nos albores do século II EV, nas epístolas de Simeão da Tarragona. Não obstante tal evidência, Wischard e Woolsville apontam correlações mais recentes com o apogeu do culto mitraico durante o governo de Heliogábalo. Para esses estudiosos, a origem siríaca do fenômeno é nítida, bem como a datação de seu surgimento em terras européias, por volta do período de turbulências que se segue ao assassínio de Pertinax.

Como prova concludente de sua teoria, ambos apresentam o texto de uma tabuinha, gravada com uma espécie de escrita cuneiforme, encontrada por Schliemann nas imediações da Tebas histórica, em 1872.