segunda-feira, abril 02, 2007

Sed non casta, tamen cauta...

POR MOTIVOS VÁRIOS, tenho uma conta de e-mail do portal Terra. Para consultá-la em modo remoto, eia pois, tenho de entrar no dito portal, muitíssimas vezes um tremendo compêndio de boçalidades compiladas, creio, por adolescentes tardios extremamente parvos (com perdão do pleonasmo), que se embevecem com anomalias que hoje se passam por celebridades e se atiçam com a mais chã escâncara do que tomam por erotismo. Sói, porém, que os tempos sejam tristes e que tal escumalha seja, ao mesmo tempo, o grande quinhão produtor e consumidor de bens, digamos (na falta de melhor termo), culturais.

Não sei por quanto tempo mais ainda vou me surpreender com o tamanho do abismo que nos sorve, nós que seremos governados, alimentados, tratados e entretidos por essas gerações de Beavis e Buttheads, ou quantas palavras gastas ainda hei de alinhavar deplorando os hábitos desses meus coevos, mas, gente, quanta estrumeira!

Bom, o móvel desse frisson de hoje é a, aham, matéria do Terra -- e sabe-se lá de quantas bobagens mais -- sobre um meigo desenho animado, daquele canal abobalhado que integra a grade da Net, que se propõe mostrar "técnicas de sedução" aos incautos. Meus caros, vejam lá o patético símile de moçoilas que pululam em nossa vilipendiada sociedade! Houve um tempo, quero crer que em fins da década de 1990, em que emular as gajas de vida airada tornou-se in, e, com isso, as mais despudoradas do gênero fizeram escola no trajo e no porte, e o mundo tornou-se impermeável à síndrome de Pigmalião e às My Fair Ladies d'antanho. Técnicas de sedução, quá! Veja as caras e bocas das criaturas e me diga se não bastam uns trinta contos de réis mais a "passagem do busão" para dar conta do recado...